É muito esquisito o
empenho que a mãe da menina pôs na tese do rapto, dizendo que viu a
persiana do quarto aberta e o cortinado a afastar-se com o vento...
José António Saraiva - O SOL
jose.a.saraiva@newsplex.pt
O CASO MADDIE voltou à
ribalta com a divulgação pela WikiLeaks de um relatório da PJ
sobre o desaparecimento de Maddie McCann, em que se descarta
praticamente a tese de rapto.
Curiosamente, duas
semanas antes, uma senhora, médica geneticista de profissão - H.
Santos -, que eu não conhecia, tinha-me contactado acerca deste
assunto. Segundo ela, a hipótese de rapto também não era
plausível. Esta só poderia acontecer por duas razões: ou para
venderem a criança para adoção, ou para a violarem.
Ora, se fosse para a
venderem, teriam raptado um dos gémeos (ou mesmo os dois), ainda
bebés, e não uma menina que já sabia falar e seria sempre mais
difícil esconder. E, se fosse para a violarem, os pais (até por
serem médicos) saberiam que já estaria morta, porque as violações
de crianças acabam invariavelmente desse modo: ou morrem durante o
ato sexual ou são mortas a seguir.
ASSIM SENDO, H. Santos
achava que o móbil do crime seria outro. Simplificando, teria que
ver com os serviços secretos britânicos, o MI5. O desaparecimento
da menina estaria relacionado com a atividade secreta dos pais. Um
dos membros do casal, possivelmente a mãe de Maddie, pertenceria ao
MI5. Isso explicaria a vinda imediata a Portugal de um representante
do ministro das Finanças e futuro primeiro- -ministro, Gordon Brown.
Disse-se que Brown o fazia pelo facto de ter sido colega de Gerry na
escola. Mas essa explicação não pega: os ingleses são muito
formais e não reina lá o amiguismo que caracteriza os latinos. Um
ministro não manda um seu representante oficial para se inteirar do
desaparecimento de uma menina por ter andado com o pai na escola…
MAS HÁ OUTROS factos
estranhos. Escreveram-se na altura frases como: «A porta-voz do
casal McCann, que trabalha para o Ministério dos Negócios
Estrangeiros britânico», ou que os McCann tinham «ligações
políticas surpreendentes, mostrando serem afinal um casal de classe
média muito especial e com um estranho poder de influência em
terras de Sua Majestade Isabel II». Essa ligação aos serviços
secretos também explicaria os imensos esforços que os britânicos
têm empenhado neste caso - e que ainda não terminaram. É que, se o
motivo foi político, a menina ainda pode estar viva. E a sua
recuperação pode ser importante.
HÁ ENTRETANTO pontos
fracos nesta tese, como o odor a cadáver encontrado em vários
pontos do apartamento e no carro. E o cão que o detectou foi testado
200 vezes e nunca se enganou. Por outro lado, é muito esquisito o
empenho que a mãe da menina pôs na tese do rapto, dizendo que viu a
persiana do quarto aberta e o cortinado a afastar-se com o vento. Se
ela viu isso, que só por si induziria o rapto, como é que a PJ
quase descarta essa hipótese? A conclusão a tirar é que não
acredita em Kate.
Outro facto estranhíssimo
é o pai da menina ter dito que saiu do restaurante para ir à casa
de banho do apartamento, e - em vez de escolher o caminho mais curto
- foi pelo trajeto mais longo. Ora isto é incompreensível. Por um
lado, poderia ter ido urinar ao WC do restaurante. Por outro, em
condições de necessidade, escolheria o percurso mais rápido.
E como interpretar o
facto de os outros amigos do grupo não irem imediatamente aos
apartamentos verem se os filhos lá estavam? Depois de um rapto,
seria a reação natural… E por que recusaram depois todos - pais e
amigos - a reconstituição?
AINDA HÁ OUTRO facto
incriminatório dos pais: a mãe ter passado o resto da noite a ver
se os filhos gémeos respiravam. Ora, se Maddie tivesse sido raptada,
não tinha nada que ver com um problema respiratório. A questão só
se colocaria se menina tivesse morrido por sufocação. E foi isto
provavelmente que aconteceu. Maddie morreu talvez em consequência de
um sedativo para dormir. O pai descobriu o corpo e, em pânico,
escondeu-o - para depois o fazer desaparecer. Isto explicaria o facto
de ter dito que escolhera o caminho mais longo para ir ao apartamento
urinar: era a forma de justificar a demora. Talvez a mãe nem
soubesse - nem saiba - de toda a história. O marido pode ter-lhe
dado uma explicação qualquer - e pedido depois para falar da janela
aberta e do rapto, para despistar a Polícia.
ISTO NÃO QUER dizer que
a tese dos serviços secretos não possa ter alguma verdade. A vinda
cá do representante de Gordon Brown, a deslocação imediata do
embaixador britânico ao Algarve, o dinheiro que o Reino Unido
continua a gastar com este caso - tudo isso dá que pensar.
Que mistério se esconde
por detrás do desaparecimento de Maddie McCann?
José António Saraiva
dit que la thèse de l'enlèvement est ridicule, il parle de
l'engagement immédiat et étrange de Gordon Brown. Il parle de
l'étrange haute protection du couple et de l'étrange influence des
MC. Et de la rapide apparition de l'ambassadeur sur les lieux. Les MC
devaient vraiment être «un couple très spécial de la classe
moyenne».
Il parle également de
"l'odeur de cadavre trouvée à divers endroits de l'appartement
et de la voiture" et de l'exactitude des chiens, du volet ouvert
et du rideau volant pour soutenir la thèse de l'enlèvement, dont il
dit clairement qu'elle a été très imposée par les parents, et il
affirme que la PJ n'a pas adhéré à une théorie aussi absurde et
que cela signifie clairement qu'ils ne croyaient pas les MC, il
mentionne le refus des parents et des amis de faire la reconstruction
et le fait que Kate a passé toute la nuit à vérifier si le les
jumeaux respiraient.
Il n'y a pas de mais. Ce
sont des faits et indéniablement des faits qui sont accablants pour
les MC.
Comprendre pourquoi
l'article a été immédiatement ridiculisé? Pourquoi les médias
britanniques ont-ils essayé d'en rire?
Certes, il y a des
inexactitudes et de pures spéculations. Rien n'indique que MMC ait
été sédatée, en revanche il semble que les jumeaux l'aient été.
La sédation a eu lieu, mais seulement après la mort de MMC. Il dit
qu'on a dit (mais qui ? Car c'est absurde eu égard à la différance
d'âge, 17 ans) que Gordon Brown et Gerry McCann étaient des
camarades de classe. Il dit justement qu'une camaraderie ne saurait
justifier des passe-droit. Cela dit, pourquoi Gordon Brown s'est-il
engagé de manière décisive?
Sous-jacent à
l'allégation du MI5 est un fait déconcertant : la protection que
les McCann ont eue pendant toutes ces années. Et c’est la question
que José António Saraiva pose avec l’allégation du MI5. Pour
quelque chose d'aussi inexplicable, il ne peut y avoir qu'une
explication qui paraîtra apparemment absurde à première vue.
La protection est énorme,
monstrueuse, visible par tous et c’est un fait. Il est absurde
qu’ils bénéficient d’une telle protection et pourtant, c’est
le cas. Pourquoi l'ensemble du Royaume-Uni a-t-il pris ce couple
ordinaire de la classe moyenne sous son aile?
Parce qu'un tel niveau de
protection ne peut être atteint que si les intérêts de l'État
sont en jeu. C’est la seule explication raisonnable, Y a-t-il une
autre raison possible ?
Compte de cette
extra-ordinaire protection, est-il absurde d'envisager l’idée,
complètement absurde dans d’autres circonstances, que le couple
soit lié aux services de renseignement britanniques?Quelque chose
doit justifier la protection ... mais quoi? Pourquoi pas quelque
chose sorti tout droit d'un ... film d'espionnage!
Pourquoi un journaliste
sérieux s'aventurerait-il dans une absurdité apparente? Le réalisme
a déserté depuis longtemps l'affaire MC. Tant de mensonges évidents
et transparents jetés à la face du monde.
Quelque chose doit
justifier la protection absolument anormale dont le couple jouit et
la logique veut que les raisons soient aussi anormales.
Est-il déraisonnable de
considérer comme raisonnable quelque chose qui n'arriverait jamais à
moins d'un secret d'État ?
Tant de preuves contre le
couple, tant de preuves ignorées, tant de complicité des médias et
du gouvernement britanniques, est-ce réaliste de penser que c'est
normal ?
José António Saraiva
est-il ridicule en envisageant la possibilité que Kate soit MI5
alors qu'on a fait de l'affaire MC est devenue absurdement ridicule ?
Les médias britanniques
ridiculisent les spéculations, soulignent une inexactitude, mais
ignorent tous les faits accablants pour les MC qu'évoque José
António Saraiva dans le même article. Est-il possible d'imaginer
une meilleure illustration de la fameuse protection en question ?
Mais quelle pourrait être
la raison d'être d'une telle protection ?
Il y a deux questions que
José António Saraiva laisse sans réponse:
1 - Pourquoi Gordon Brown
s'est-il autant engagé dans cette affaire (et pourquoi le
Royaume-Uni est-il toujours engagé)?
2 - Pourquoi le couple MC
est-il protégé par le Royaume-Uni?
Ceux qui ridiculisent
l'idée du MI5 - et à notre avis cela devrait être - doivent
expliquer pourquoi cette protection était telle, parce qu'elle
l'était et l'est toujours.
Time does to
embarrassment what it does to lies: only makes it all bigger.