A advogada de Kate e Gerry McCann, pais
de Madeleine, criança desaparecida em 2007 na Praia da Luz, Algarve,
vai interpor queixa-crime contra Gonçalo Amaral por alegadas "falsas
declarações" no âmbito de um arresto de bens.
Isabel Duarte disse hoje, após o
adiamento para Janeiro do julgamento da proibição do livro "Maddie
- A Verdade da Mentira", que o ex-inspector da Polícia
Judiciária (PJ) declarou ao tribunal que "não tem bens imóveis
e participação em sociedade", quando, frisou a advogada, "na
realidade não é assim".
"Ele tem bens imóveis e uma
sociedade unipessoal e até mais do que um carro", afirmou, que
hoje vai requerer ao tribunal uma certidão com as declarações de
Gonçalo Amaral, autor do livro, para que possa apresentar a queixa
no círculo criminal.
A representante em Portugal do casal
britânico negou que Gonçalo Amaral não tenha sido notificado no
arresto de bens, integrado noutro processo cível a aguardar marcação
de datas de julgamento, em que a família McCann acusa o ex-inspector
da PJ de difamação e pede uma indemnização de 1,2 milhões de
euros.
"Há muito que Gonçalo Amaral
conhece a notificação do arresto", vincou Isabel Duarte,
estranhando que o ex-coordenador do Departamento de Investigação
Criminal da PJ de Portimão tenha requerido apoio judiciário.
Embora tenha referido que estão ainda
"a decorrer mais diligências", Isabel Duarte confirmou que
já se procedeu ao arresto da casa de Gonçalo Amaral em Olhão, que
detém em co-propriedade com a mulher, a quota da sociedade
unipessoal de consultadoria de segurança e contas bancárias, com
saldo de "apenas dois euros".
A advogada revelou, também, que "um
sexto da pensão" que o ex-inspector da PJ aufere "está
penhorado pelo Fisco".
Isabel Duarte justificou ainda a
presença do casal hoje na 7.ª Vara do Tribunal Cível de Lisboa, no
julgamento da providência cautelar provisória sobre a proibição
de venda do livro "Maddie - A Verdade da Mentira", com a
necessidade "de apoio psicológico".
"Eu pedi-lhes apoio. Preciso de
apoio porque estou a fazer o que 90 por cento das pessoas não
acreditam e a presença deles dá-me muita força", sublinhou
Isabel Duarte.
O julgamento da providência cautelar
sobre a proibição de venda do livro de Gonçalo Amaral "Maddie
- A Verdade da Mentira" e de vídeo comercializado após
documentário exibido na TVI foi adiado hoje devido a doença de
António Cabrita, advogado do ex-inspector da PJ.
Depois de ter recebido o documento do
advogado de Gonçalo Amaral a comunicar a sua ausência, a juíza do
processo marcou as sessões do julgamento para 12, 13 e 14 de
Janeiro, na 7ª Vara do Tribunal Cível de Lisboa, no Palácio da
Justiça.
Kate e Gerry MacCann, pais da criança
inglesa desaparecida em 2007 no Algarve, e Gonçalo Amaral estiveram
presentes no início da sessão do julgamento de proibição.
Os pais de Madeleine McCann,
desaparecida em 03 de Maio de 2007 na Praia da Luz, no Algarve,
alegam que o livro e o vídeo comercializado divulgam a tese de
Gonçalo Amaral, que consideram insustentável, de que os dois estão
envolvidos no desaparecimento da filha.
Por isso, através de requerimento
apresentado pela advogada Isabel Duarte, o casal britânico pediu ao
tribunal a retirada do mercado, embora com carácter provisório, do
livro e do vídeo, que acabou por ser decretada a 09 de Setembro.
Na qualidade de coordenador do
Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, Gonçalo
Amaral integrou a equipa de investigadores que tentou apurar o que
aconteceu a Madeleine McCann.